quarta-feira, 17 de junho de 2009

Revendo Porter e a crise

Olhar para o mercado e depois, coerentemente, desenvolver as estratégias compatíveis com os objetivos que se quer alcançar é, antes de tudo, uma atitude inteligente das empresas. Só excetuamos aquelas que descobriram o fogo, metaforicamente falando, pois estas dispõem de um mercado totalmente novo e inexplorado para desbravar. De outra forma, nada sério escapa à analise das cinco forças influenciadoras na vida das empresas. São elas: os produtos substitutos, os novos entrantes, os compradores, os fornecedores e a rivalidade setorial. É o clássico Modelo de Porter. E o governo, cara pálida, onde se encaixa? Bem, para Porter o governo não passa de acessório e não deve se meter onde nada entende, somente envolvendo-se nas questões de regulação.
De minha parte, o governo é sim uma força destacada. Ele pode, positiva ou negativamente, com suas ações restritivas ou incentivadoras, arbitrar sobre a vida ou a morte de um negócio. A crise que se desenvolveu globalmente nos premiou com vários exemplos do que falo. Quando o mercado não se resolve por si mesmo, a mão estatal acaricia ou guilhotina, conforme a sua conveniência. Porter pode estar repensando seriamente sobre isso.
O livre mercado faceiro, autorregulado e independente murchou. O liberalismo entrou em cheque mais uma vez, mas, como sempre, ressurgirá ainda mais pujante e cheio de novas ideias. O mercado precisa passar por essas fases para se saber quem é realmente competente e quem está no jogo somente para faturar. É o capitalismo se auto-depurando.
As empresas que sucumbiram, certamente, deixaram-se iludir pela autossuficiência, pela arrogância e pelo lucro fácil. Não enxergaram para fora de suas fronteiras e negligenciaram pelo menos uma das cinco forças (+ governo) citadas. Vejamos, por exemplo, o caso da GM americana: há décadas vem sendo dobrada pelos asiáticos e sempre deu de ombros (força rivalidade e força novos entrantes); jogou seu próprio projeto, bem-sucedido, de um carro elétrico no lixo, desmerecendo seu poder de inovação (força produto substituto) e, completando; operações baseadas em alto custo e engessamento sindical (força governo). E o fim se deu.
O mundo empresarial se reestrutura de tempos em tempos e essa é a ordem natural e histórica do mercado, com seus ciclos de pujança e de estagnação. As empresas bem gerenciadas driblam com maior competência os momentos de crise e adaptam-se mais facilmente aos novos padrões impostos. E pode-se inferir que sua grande maioria acredita e respeita o paradigma de Porter.
Viva o mercado depurado e o mérito para quem tem atitude inteligente!

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