Michael Porter nos presenteou com seus modelos eficazes que contribuíram para a construção do pensamento estratégico sobre mercados já consolidados, a saber: as 5 forças e a cadeia de valor. E quanto aos mercados inexplorados? Onde encontrar princípios que nos ajudem a transpor as fronteiras do atual ambiente competitivo? Kim e Mauborgne aparecem em cena.
Os autores, em A Estratégia do Oceano Azul, nos apresentam à matriz de avaliação de valor. É um instrumento de diagnóstico que contribui para o desenvolvimento de uma estratégia que visa a captar a situação atual de determinado mercado, permitindo à empresa entender como os seus concorrentes estão investindo, quais atributos fazem parte dessa competição e o que os clientes recebem das ofertas disponíveis.
A matriz é composta por dois eixos. No eixo horizontal são lançados os atributos nos quais o setor investe e compete. No eixo vertical é pontuado o nível de oferta de cada um desses atributos, segundo a percepção dos clientes. Com esses dois componentes mapeados surge a curva de valor que representa a performance da empresa de acordo com cada atributo elencado.
Uma vez conhecida a matriz de avaliação, a empresa parte no rumo da reconstrução dos elementos de valor para o seu cliente, no sentido de romper com as estratégias correntes de diferenciação e custo e de criar uma nova curva para si. É nesse ponto que entra em cena o modelo das quatro ações, formado por quatro perguntas-chave as quais possuem a função de rever a lógica estratégica e o modelo já formalizado de negócios do setor.
As perguntas-chave são: quais são os atributos considerados indispensáveis pelo setor que podem ser eliminados? quais os atributos que devem ser reduzidos nos padrões setoriais? quais atributos devem ser elevados para acima dos padrões setoriais? e quais atributos precisam ser criados?
Eliminar atributos que hoje servem de base para a concorrência no setor – primeira pergunta – força a empresa a reagir às mudanças do mercado e repensar sobre aquilo que não lhe gera mais valor ou, até mesmo, destrói valor. Reduzir os padrões significa examinar se a empresa, ao imprimir excesso nos atributos de produtos e serviços oferecidos na guerra para superar a concorrência, não acaba descontrolando a sua estrutura de custos.
Elevar os atributos, por sua vez, ajuda a identificar e a corrigir as limitações que o setor impõe aos clientes. Já a quarta pergunta leva a empresa a descobrir quais novos valores podem ser gerados para os seus clientes, criando novas demandas e permitindo que os preços do setor sejam alterados.
Basicamente, as duas primeiras questões conduzem a empresa a otimizar/revolucionar a sua estrutura de custos em comparação com os seus concorrentes. As duas últimas têm o intuito de aumentar o valor para os clientes e criar novas necessidades.
O que tudo isso quer dizer, enfim, é que ao eliminar e ao criar os seus próprios atributos, as empresas tornam irrelevantes as regras atuais da competição setorial. O modelo das quatro ações, em seu turno, aplicado à matriz de avaliação de valor, propicia que façamos uma nova leitura sobre velhas verdades que nunca foram retrucadas, pintando um novo horizonte de alternativas a ser desbravado sem o desconforto da concorrência – o oceano azul dos negócios.
Até a próxima!
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Leia mais:
Kim, W. Chan e Mauborgne, Renée. A estratégia do oceano azul: como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
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