domingo, 13 de maio de 2012

Brincando de fazer Projeto...

Em 26/05/2010, postei um artigo sob o título A Copa de 2014 e os Projetos.
É uma tristeza imensa confirmar tudo o que foi vaticinado 2 anos atrás. Leiam o que segue:

Texto do Jornal Correio do Povo, Porto Alegre, RS: 12/05/2012 20:10 - Atualizado em 12/05/2012 21:45 - link: http://www.correiodopovo.com.br/Esportes/?Noticia=422168

Pacote da Copa apresentado à Fifa é "peça de ficção"

Das 12 cidades-sede, a situação mais complicada é a de Porto Alegre, alertam TCU e MP

O retrato das obras da Copa do Mundo que a comitiva brasileira apresentou à Fifa, para “acalmar” seus dirigentes, está longe da realidade, mostra cruzamento de dados acompanhados pelo governo, pelo Tribunal de Contas da União e pelo Ministério Público. A maior parte das obras para transporte de torcedores metrôs, Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) e corredores de ônibus nem sequer tem projetos, e as licitações estão atrasadas. Essa é a fatia mais cara das obras financiadas com dinheiro público: o custo supera R$ 11 bilhões, quase o mesmo valor previsto para estádios e os aeroportos das 12 cidades-sede, juntos.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, levou à Suíça uma nova versão da chamada “matriz de responsabilidade”, o pacote de obras da Copa, que reúne os compromissos assumidos pelos organizadores com a infraestrutura do evento. O documento já exclui alguma das obras previstas em janeiro de 2010, data da primeira matriz, como o corredor de ônibus (BRT) de Salvador. Anota ainda, aumento acima de 25% do custo de algumas obras. Outras tiveram o prazo de conclusão ajustado até maio de 2014. Mas há prazos irreais, revela olhar mais atento no documento.

Um exemplo é o VLT de Brasília. Quase dois anos depois do início previsto para a obra, ela se resume hoje a um monte de tapumes a atrapalhar o trânsito num dos acessos ao Plano Piloto. Na quinta-feira, o Ministério Público federal e do Distrito Federal recomendaram a exclusão da obra do pacote da Copa, que dá direito a licitações mais flexíveis, por meio do Regime Diferenciado de Contratações (RDC). A eventual dispensa de licitação a pretexto do prazo curto será considerada ilegal, alertam os procuradores. “A situação emergencial decorre apenas de fato imprevisível. Como a Copa tem data certa, é inaceitável esse tipo de desculpa”, disse o procurador Paulo Roberto Galvão, um dos integrantes do grupo de trabalho do Ministério Público para a Copa.

As obras de mobilidade urbana da Copa também contam com empréstimos que podem ser pagos em até 30 anos, depois de um prazo de carência (sem pagamentos) de quatro anos, além de juros de até 6% ao ano. O dinheiro vem do FGTS.
Brasília não é um caso isolado. “Obras que não vão ficar prontas a tempo da Copa não podem contar com os benefícios do Regime Diferenciado de Contratação e dos limites de endividamento dos Estados, há um limite temporal e o seu descumprimento é gravíssimo”, diz o procurador Athayde Costa, coordenador do grupo. Ele disse que o documento levado pela comitiva brasileira à Suíça “parece peça de ficção”.

Sem projeto

Das 12 cidades-sede, a situação mais complicada é a de Porto Alegre. A cidade tem o maior número de obras de mobilidade urbana previstas para o Mundial: dez, num total de 48 projetos. Nenhuma delas conta com o projeto básico. As licitações não foram iniciadas, como em outros oito casos, mostra acompanhamento do TCU. “A apenas dois anos e dois meses do evento, apenas 4,1% do montante total financiado foram desembolsados e 72% dos empreendimentos com financiamento contratado ainda não tiveram o contrato de execução das obras assinado, sendo que, desses, 75% tiveram seus contratos de financiamento assinados há mais de 18 meses”, contabiliza ainda o TCU.

O tribunal cobra do governo responsabilidade no estabelecimento de prazos para projetos tocados por Estados e municípios. “Deve-se assumir o peso político dessa tomada de decisões”, diz o ministro Valmir Campelo no voto aprovado na semana passada. “Essa decisão tem de ser colegiada”, alega Luiza Gomide, diretora de mobilidade urbana do Ministério das Cidades. “Fatalmente, em algum momento, terá de ser tomada”. O ministério aguarda uma nova rodada de visitas a campo para apresentar um retrato mais fiel do ritmo das obras.

Em junho passado, a presidente Dilma Rousseff decidiu suspender o financiamento para as obras que não tivessem sido iniciadas até dezembro de 2011. Em setembro, o governo anunciou que aceitava afrouxar os prazos de licitação das obras, contanto que elas ficassem prontas até 2014. O resultado é que os Estados e municípios se comprometem a cumprir prazos irreais. E o governo federal, por ora, aceita.

Na nova matriz de responsabilidades, o monotrilho de São Paulo tem prazo de conclusão previsto para maio de 2014– um ano e dois meses depois da previsão inicial. O custo do empreendimento já aumentou em mais de 25%, registra o documento. O contrato com o consórcio de empresas foi assinado em setembro passado. Mas o projeto básico da Linha Ouro ainda não teria sido concluído, segundo informações repassadas pelo governo.

Sem mais comentários...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Quando a crise vai embora...

Acho interessante quando alguns empresários (para ficar na minha área de atuação) vêm a público exaltar o momento de renascimento econômico do Brasil e transmitir o quanto estão confiantes na concretização de grandes negócios daqui para a frente, revelando o seu apurado faro empreendedor. Ok, mal isso não faz, mas gostaria de saber porque grande parte deles não demonstrou a mesma tenacidade e fortaleza quando estivemos mergulhados na crise que perdurou do final de 2008 até o começo deste ano.
Bem, poderíamos supor que é assim mesmo quando se trata de coisas da vida, do modo como o ser humano encara as dificuldades e não sabe bem como transpô-las. Quando as coisas estão mal o que se mais ouve é a choradeira dos incompetentes do que o arregaçar das mangas de quem trabalha obstinadamente por um projeto e não se deixa abater pelos obstáculos.
Para as empresas, a coisa funciona da mesma forma. A que está impregnada pelo espírito do planejamento, organizada para uma visão de futuro e que tem a capacidade de avaliar com discernimento os diversos cenários que se apresentam saberá medir os riscos mais apuradamente, transformando os períodos de crise em oportunidades de crescimento.
Diferenciar-se nos momentos em que tudo está de cabeça para baixo nos picos de instabilidade econômica e financeira é sinônimo de grandeza empresarial. É crescendo na dificuldade que se revela o verdadeiro empreendedor, aquele que acredita em seus projetos e na perpetuidade do seu negócio.
Em 2010 está sendo muito fácil se dizer empresário...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Copa 2014 e os Projetos

Está batendo aí na nossa porta a copa do mundo 2014, com sede no Brasil. Até agora, temos notícia de que todos os projetos a ela relacionados estão atrasados ou sequer foram delineados. O tempo é curto, apesar de serem ainda quatro anos pela frente. Alguma coisa está errada na mente dos organizadores ou é mesmo proposital?
Existem três drives de projetos: tempo, escopo ou custo. Um deles é sempre o foco principal do gerenciamento e quando nasce negligenciado terminará em fracasso. Para 2014, nosso drive é tempo, sem dúvida. Temos condições materiais, humanas e financeiras para o projeto andar na linha. Sabemos o que precisa ser feito em termos de infraestrutura em todas as áreas (estádios, aeroportos, obras viárias, segurança, comunicações, etc...). Mas quando vai começar, afinal? Quando não houver mais tempo para acabar? Ou quando as obras atingirem grau de urgência máxima, a ponto de o exercício de Aquisições ser negligenciado completamente? A favor de quem?
Quando precisarmos avaliar materiais, fornecedores, serviços não teremos que fazê-lo apressadamente em socorro ao nosso esgotado drive tempo? Onde vai parar a qualidade? Quem gostaria disso? Ora, quem puder negociar vantagens para si, em detrimento do benefício público. Isso tem nome gravado na história das licitações: superfaturamento.
Em prol de um Brasil mais sério e objetivo, menos roubo ("fazejamento") e mais planejamento.

sábado, 17 de outubro de 2009

Aprenderemos

O presidente do Senado Federal, José Ribamar Sarney, ordenou o cancelamento das licitações que visavam a contratar empresas/consultorias para, em última instância, otimizar o funcionamento da casa (leia-se trabalhar melhor e mais limpo e gastar menos).
Passadas a crise econômico-financeira, apelidada carinhosamente de “marolinha” por quem jamais temeu por seu emprego e pelas suas mordomias, e as pressões mais incisivas da mídia minimamente crítica deste país, o Sr. Sarney voltou a afiar as garras. Prova, mais uma vez, que o universo político de Brasília não tem o que temer e é uma Raposa do Sol deslocada para o centro do nosso território, ou seja, uma nação independente, com suas próprias leis e costumes.
A reserva indígena demarcada, no norte do Brasil, pelo menos sabe-se claramente, foi entregue de bandeja para quem quiser adonar-se. Já o Senado (podemos colocar a Câmara dos Deputados no mesmo prato), por seu turno, insiste em atuar dissimuladamente pelos interesses da pátria. É como aquele cidadão que, tristemente, encontra-se mergulhado no vício, qualquer que ele seja, e cega-se para a crítica e para a ajuda oferecida. Mais gravemente ainda, age com a plena convicção de que a sua moral é exemplo a ser seguido.
O câncer instalado no coração do país está alastrado, não responde mais à quimioterapia. É preciso extirpá-lo. Não a instituição (que fique claro); sim os seus componentes.
A democracia chegou para ficar. Ainda engatinha, mas vai crescer e se fortalecer. Só precisamos aprender a votar pelo bem do país e de todos e não pelo toma-lá-dá-cá. A Câmara espelha, sem dúvida, as ações e a moral de uma grande parte de seus representados. Não sejamos hipócritas e não nos eximamos dos nossos erros. Falhamos muito nos critérios e na forma pouco responsável como escolhemos nossos legisladores e executivos.
Aprenderemos pelo sofrimento, infelizmente, mas aprenderemos. 2010 é uma nova chance de varrer a sujeira para o lixo. Para o lixo, não para baixo do tapete!
Aprenderemos...aprenderemos...

sábado, 18 de julho de 2009

Escravatura democrática

Gostaria de brindar os amigos com o texto a seguir, publicado na edição de 19/07/2009 do Jornal Zero Hora de Porto Alegre, escrito pelo jornalista Marcelo Rech:

Nos idos de 1977, na antevéspera da abertura política, Pelé levantou contra si um tsunami de ira ao afirmar, durante uma homenagem na Câmara dos Deputados, que os brasileiros não sabiam votar. Logo depois, Pelé corrigiu sua declaração, explicando que o brasileiro deveria votar com mais seriedade, mas era tarde: a oposição ao regime identificou no ídolo dos gramados um inimigo do voto direto em todos os níveis, então um clamor do Brasil democrático. Pelé calou-se, estudantes saíram às ruas para enfrentar cassetetes e gás lacrimogênio, sindicalistas (entre eles Lula) foram presos por fazer greve, intelectuais se uniram aos liberais e arrancaram a anistia, o fim da censura e a legalização de partidos clandestinos.
Em 1979, acreditávamos todos (ok, quase todos os que queriam a abertura) que Pelé era um lambe-coturnos do regime e que eleições livres em todos os níveis libertariam os brasileiros dos grilhões da ignorância democrática, da manipulação política e do estado geral de indigência terceiro-mundista. Ao entrarmos no estado de direito, cruzaríamos o umbral do nirvana político. Eleitos democraticamente, os políticos trabalhariam para e pelo povo. Fiscalizados de perto pelos eleitores, congressistas, vereadores e governantes deixariam no passado de sombras os vestígios da roubalheira e dos favorecimentos.
Trinta anos depois, em meio a um vale-tudo no qual políticos mandam diariamente sinais de banana para eleitores anestesiados, é preciso admitir que Pelé só se equivocou por não ter profetizado que os brasileiros não apenas não sabiam votar, como teriam grande dificuldade de aprendizado. São brasileiros os que elegeram Collor – e o reelegeram para o Senado e, com discreto apoio de Lula, provavelmente vão reentronizá-lo no governo de Alagoas. São brasileiros que, sem dar atenção às evidências, brindam com mandato após mandato renans, barbalhos e sarneys ou que identificam no alojamento na Capital oferecido à tia do vizinho a mais relevante contribuição possível de um político. Mas somos nós, brasileiros de uma elite bem informada e com acesso a plano de saúde, que, depois de quase três décadas sem a desculpa da falta de eleições, não logramos nenhum avanço significativo desde o início do estado de direito e nos mostramos incapazes de demonstrar na prática a beleza e o valor de uma democracia de verdade.
Onde erramos? Arrisco dizer que boa parte da culpa reside na manutenção de duas excrescências do regime militar: o voto obrigatório e o horário eleitoral gratuito. Abdicamos da democracia participativa para conviver mansamente com a democracia compulsória. Querendo ou não querendo, você será obrigado a votar. Querendo ou não querendo, você será compelido a engolir, em todos os meios de comunicação e ao mesmo tempo, o que eles querem que você veja e ouça. É o estado de direito autoritário, uma singularidade brasileira feita sob medida para manter eleitos os eleitos e eleger aqueles que não precisam se esforçar muito para serem reconhecidos.
Acabando-se com o voto obrigatório, os políticos terão não só de nos convencer que são os melhores para o cargo, mas que sua atividade como um todo merece confiança. Eles terão de nos arrebatar com trabalho e desprendimento, e não levar de presente cestas de votos porque “é o mais bonitinho” ou “porque eu tinha de votar em alguém mesmo”. Se não são eliminados, os feudos e os rebanhos sofreriam um duro golpe, como aliás, começa a ocorrer por rebelião social: em certas eleições, 20% dos eleitores já ignoram a obrigatoriedade ou votam nulo.
Acabando-se com o horário eleitoral gratuito obrigatório, zé fini para a moleza de aparecer sem esforço. Os muito bons terão visibilidade durante todo o mandato. O novatos vão se esmerar ainda mais para levar olho no olho sua mensagem e convencer o eleitorado de que merecem um lugar ao sol. Terminam os truques de vídeo e os milhões entregues nas sombras aos marketeiros. Mas não é justo se liquidar simplesmente com a propaganda eleitoral. Sem trucagens e megaproduções, ela deveria ser mantida 24 horas por dia durante os três meses que antecedem a eleição nas TVs Câmara e Senado da vida. Quem quiser conhecer as propostas e os candidatos, assiste aos canais. Aos demais, decreta-se o fim da escravatura democrática. Na prática, aliás, hoje o horário só é obrigatório para as classes mais pobres. Quem tem TV a cabo pode passar a campanha sem topar com o rosto de um candidato. Mais um fato de discriminação para que políticos de segunda linha arregimentem seus rebanhos.
É simples a mudança? Tenha em conta o seguinte. Em qualquer parte do mundo, a mente política reage a dois instintos: em primeiro lugar, o da sobrevivência no mandato e, depois, o da perspectiva de reeleição ou eleição a outro cargo. Tudo o que representar ameaça será repelido pelos instintos. É da natureza humana: ninguém é a favor de nada que ameace sua sobrevivência. É por isso que não houve e nem haverá alteração nas práticas eleitorais. Então, a única forma decente, rápida e indolor de se fazer estas e outras reformas políticas, e finalmente se lançar as bases para a modernidade democrática, é se eleger uma miniconstituinte, paralela ao Congresso, com mandato de seis meses. Mas esta já é uma outra conversa.

domingo, 5 de julho de 2009

Domingo é dia de poesia! XII

Asas de Colibri
(Jurema Chaves)

Minha alma é livre
Como um colibri
Mas se prende a ti,
Minha flor cheirosa,
Meu botão de rosa
A desabrochar num riso
Ah! como eu preciso
Desse jeito meigo
De mulher charmosa.

Minha alma é livre,
Sim, a minha alma é livre
Como é livre o vento,
Este sentimento
É que me enreda os passos
Neste contrapasso
Eu perco o compasso
Por querer-te tanto,
Vou compondo um canto
Num hino que os anjos
Solfejam no espaço,
Mesclando perfumes
Destes teus abraços.

Minha alma é livre,
Sendo aprisionada
Nestas mãos de fada
Voz aveludada,
Teus olhos de anjo
São duas algemas
Leves e perfumadas
Que me roubam tudo
Sem tirar-me nada

Minha alma é livre,
Coração alado
Um gosto de pecado,
Crime sem perdão
Que amor é este
Que prende e liberta
Que me desconcerta
Que insana razão
Que me rouba o sono
Que me põe num trono
E me joga no chão.

Por amor me prendas
Por favor entendas a minha razão,
Se minha alma é livre
É para estar contigo
Ser teu poncho –abrigo
Ser teu coração.
Sou um rico mendigo
Teu melhor amigo
Teu amor antigo
É tu, és o melhor de mim,
A minha verdade
Minha liberdade,
Amor que transcende, além do adeus,
Mas, se tudo isso pode ser pecado
Serei condenado, pagarei o preço pelos erros meus
Para ter a suprema ventura
E, morrer sufocado na ternura,
Da prisão dourada, destes olhos teus!

Minha alma é livre,
Buscando a prisão
Sem prender-se nunca
Como um colibri
Eu já me perdi, tentando encontrar-me,
Soou o alarme e nem percebi,
Tão enternecido, fui seguindo em frente,
Quase inconsciente,
A buscar somente a luz do teu olhar,
Que, por mais que me zangue
Me incendeia o sangue
Põe meu peito em brasas,
Quero que me abraces
Me apertes, me amasses...
Mas, por favor, não quebre,
As minhas asas!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Novos horizontes

Michael Porter nos presenteou com seus modelos eficazes que contribuíram para a construção do pensamento estratégico sobre mercados já consolidados, a saber: as 5 forças e a cadeia de valor. E quanto aos mercados inexplorados? Onde encontrar princípios que nos ajudem a transpor as fronteiras do atual ambiente competitivo? Kim e Mauborgne aparecem em cena.
Os autores, em A Estratégia do Oceano Azul, nos apresentam à matriz de avaliação de valor. É um instrumento de diagnóstico que contribui para o desenvolvimento de uma estratégia que visa a captar a situação atual de determinado mercado, permitindo à empresa entender como os seus concorrentes estão investindo, quais atributos fazem parte dessa competição e o que os clientes recebem das ofertas disponíveis.
A matriz é composta por dois eixos. No eixo horizontal são lançados os atributos nos quais o setor investe e compete. No eixo vertical é pontuado o nível de oferta de cada um desses atributos, segundo a percepção dos clientes. Com esses dois componentes mapeados surge a curva de valor que representa a performance da empresa de acordo com cada atributo elencado.
Uma vez conhecida a matriz de avaliação, a empresa parte no rumo da reconstrução dos elementos de valor para o seu cliente, no sentido de romper com as estratégias correntes de diferenciação e custo e de criar uma nova curva para si. É nesse ponto que entra em cena o modelo das quatro ações, formado por quatro perguntas-chave as quais possuem a função de rever a lógica estratégica e o modelo já formalizado de negócios do setor.
As perguntas-chave são: quais são os atributos considerados indispensáveis pelo setor que podem ser eliminados? quais os atributos que devem ser reduzidos nos padrões setoriais? quais atributos devem ser elevados para acima dos padrões setoriais? e quais atributos precisam ser criados?
Eliminar atributos que hoje servem de base para a concorrência no setor – primeira pergunta – força a empresa a reagir às mudanças do mercado e repensar sobre aquilo que não lhe gera mais valor ou, até mesmo, destrói valor. Reduzir os padrões significa examinar se a empresa, ao imprimir excesso nos atributos de produtos e serviços oferecidos na guerra para superar a concorrência, não acaba descontrolando a sua estrutura de custos.
Elevar os atributos, por sua vez, ajuda a identificar e a corrigir as limitações que o setor impõe aos clientes. Já a quarta pergunta leva a empresa a descobrir quais novos valores podem ser gerados para os seus clientes, criando novas demandas e permitindo que os preços do setor sejam alterados.
Basicamente, as duas primeiras questões conduzem a empresa a otimizar/revolucionar a sua estrutura de custos em comparação com os seus concorrentes. As duas últimas têm o intuito de aumentar o valor para os clientes e criar novas necessidades.
O que tudo isso quer dizer, enfim, é que ao eliminar e ao criar os seus próprios atributos, as empresas tornam irrelevantes as regras atuais da competição setorial. O modelo das quatro ações, em seu turno, aplicado à matriz de avaliação de valor, propicia que façamos uma nova leitura sobre velhas verdades que nunca foram retrucadas, pintando um novo horizonte de alternativas a ser desbravado sem o desconforto da concorrência – o oceano azul dos negócios.
Até a próxima!
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Leia mais:
Kim, W. Chan e Mauborgne, Renée. A estratégia do oceano azul: como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.