quarta-feira, 27 de maio de 2009

Gestão nota zero

Um juiz da cidade de Canoas/RS indeferiu o pedido de prisão preventiva de uma quadrilha especializada no roubo de caminhões, embora todas as provas apresentadas pela polícia para embasar o pedido fossem incontestáveis. Alguns dos integrantes da quadrilha, inclusive, são apenados que já cumprem pena sob o regime semiaberto. Entre as alegações do magistrado para a negativa estão a bem conhecida superlotação dos presídios gaúchos e a falta de condições mínimas que a infraestrutura atual apresenta para manter os atuais condenados.
É mais um péssimo exemplo da condução da coisa pública pelo nosso poder executivo, o qual, sabe-se há muito tempo, desconhece ou faz que não conhece as quatro letrinhas mágicas da administração: P (Plan) – de planejar; D (Do) – de fazer; C (Control) – de controlar e; A (Act) – de agir.
Os governos, teoricamente, assumem a obrigação, ao eleitos, de se comprometer com o gerenciamento da vida em comum de nossa sociedade. A eles é delegado o poder de planejar, fazer, controlar e agir em nome do bem de todos. Porém, poucos sabem como fazê-lo. O exemplo negativo dos presídios é apenas mais um.
No caso gaúcho, o problema vem sendo ‘esquecido’ desde que me dou por gente grande. Em 1984, servindo à altiva 1ª. Cia de Guardas, em exercício de instrução, tive a infeliz oportunidade de visitar o presídio central de Porto Alegre. A impressão que internalizei, já na época, foi de um profundo descaso com os aspectos físicos das instalações e com as condições rudimentares para a recuperação de um ser humano. Foi um choque de mundo inesquecível. E, de lá até hoje, nada foi repensado. Um governo que passa empurra a causa para outro e, se seguirmos nesse passo, ninguém mais será preso. Bom para quem?
Conferindo um grau de maior inoperância ao atual governo, dois pontos ainda precisam ser mencionados. O primeiro diz respeito ao fato de a governadora, em outubro de 2008, ter emitido ordem expressa ao seu secretariado afim para estudar e propor as soluções para o problema prisional do estado. Nada foi estudado e proposto. O segundo ponto, com origem em Brasília, é a confirmação de que verbas não faltam, uma vez que o governo federal já dispôs R$ 44 milhões para ajudar na manutenção e na construção de novos estabelecimentos de reclusão. Neste caso, o governo estadual não se dignou a apresentar, como dita a regra, os projetos necessários para a liberação do dinheiro. É um ótimo case de gestão ineficiente e inconsequente.
Torço para que a decisão tomada pelo juiz sirva, principalmente, como forma de pressionar nossas autoridades responsáveis a saírem do seu estado de letargia para cumprirem com os seus deveres perante a população a qual servem. Se assim acontecer, nosso magistrado merecerá, mais do que aplausos, um busto de bronze em praça pública.

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