sexta-feira, 17 de abril de 2009

"O cara!"

Na última reunião do G-20, encontro de chefes de estados dos países mais influentes no cenário mundial atual, em meio ao turbilhão gerado pela crise internacional e à procura desesperada por soluções rápidas e eficazes para a melhoria do sistema econômico e produtivo global, uma declaração feita pelo presidente norte-americano Barak Obama dirigida ao nosso, Lula, ganhou destaque na mídia nacional. Obama disse: “Esse é o cara!”. Ironia ou não, pouco saberemos, mas não é o que importa discutir. Gostaria de me ater no sentido que se dá quando alguém é chamado de “o cara” neste País.
Para começar, o fato é que é muito fácil ser “o cara” numa terra carente de um maior sentido de coletividade. Às vezes, não é preciso sequer ter estudado, bastando uma boa lábia e uma boa sorte de sustentação política e econômica. Desculpem-me, essa última frase foi apenas uma opinião que me escapou. Bem, como escrevia, hoje, para ser “o cara” basta conquistar uma vaga no Big Brother, falar um monte de bobagens, pegar uma graninha fácil no final e, de lambuja, pousar para alguma revista interesseira. Também se pode virar “o cara”, de uma hora para a outra, fazendo um golzinho decisivo em qualquer clássico de repercussão nacional e chamando a atenção da imprensa especializada e de algum clube do exterior. Fácil, não? É o que parece.
“O cara”, nos exemplos citados acima e em quase todos os demais que poderíamos utilizar, não passa de um endeusamento da futilidade e do personalismo. O Brasil, infelizmente, é um lugar onde “os caras” costumam se dar bem e servir de modelo para os demais. E, normalmente, existe uma carência de princípios e valores que os desqualificam e que acabam alimentando a banalização das coisas e das pessoas, como fosse uma anestesia para os males espirituais e sociais que nos afligem.
Precisamos de um novo referencial de sujeito. “O cara” tem que ser aquele que desenvolve a responsabilidade de enxergar no bem coletivo a satisfação de suas metas pessoais. ”O cara” tem que ser o pai de família que se importa com a melhor educação para os seus filhos, o médico que dispende uma parte mínima de seu tempo para atender aos carentes, o jornalista que informa sem tendenciosidade, o político que não pensa apenas nas urnas, o cientista que luta para alcançar a cura, entre tantos outros. “O cara”, afinal, tem que ser alguém com substância intelectual e moral, com condições de passar adiante uma mensagem positiva e construtiva para todos.
Vamos chamar de “o cara” aqueles que realmente merecem o ser, inverter o jogo e transformar este País num lugar digno e respeitável para se viver.

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