Um presente para quem aprecia tecnologia da informação e os seus visionários. Esta é uma resenha que fiz sobre a obra A Estrada do Futuro*, escrita em 1995 pelo Sr. Gates**. Interessante para entender o que se pensava sobre o futuro do tratamento da informação há quase 15 anos. Compare com o que realmente aconteceu e forme a sua opinião.
Gates começa o livro relatando seu primeiro contato com um computador, aos treze anos, quando desenvolveu seu primeiro programa: um jogo-da-velha. A fascinação por aquela máquina maravilhosa que obedecia às ordens de um garoto e fornecia resultados imediatos, o que permitia saber imediatamente se o programa funcionava ou não, lhe despertou a paixão pelo software. A partir desse ponto, Gates propõe discutir as formas como a sua concepção de “Estrada do Futuro” nos afetará, enquanto sociedade, por intermédio de uma nova tecnologia: a da informação. Aborda a questão da informação como pertencente a um mercado global onde bens, idéias e serviços são trocados, oferecendo-nos opções realmente amplas para quase tudo, influenciando diretamente nosso senso de identidade e, até mesmo, o lugar ao qual realmente pertencemos, alargando nossos horizontes consideravelmente.
Gates apresenta noções dos princípios e da história da computação, fornecendo aos leitores menos familiarizados com o assunto uma idéia básica de como os computadores digitais funcionam. A seguir, o autor aborda a questão das estratégias empresariais que deverão ajudar as empresas a não repetirem os erros cometidos nos últimos anos pela indústria da informática, citando alguns dos fatores críticos, como: as espirais negativas; a necessidade de criarem-se tendências, mais do que segui-las; a importância do software em contraposição ao hardware e; o papel da compatibilidade e de seu retorno positivo.
O autor trata, num passo adiante, como os aparelhos e os aplicativos irão, com sua evolução tecnológica constante, ajudar a “estrada” a se tornar indispensável, devido a sua combinação de informação, serviços educacionais, entretenimento, compras e comunicação individual. Para que tudo isso se torne realidade, serão importantes precursores os microcomputadores, o CD-ROM, redes de tv a cabo de alta capacidade, redes telefônicas (com e sem fio) e a Internet. Obviamente que os aplicativos terão que ser construídos sob um padrão que se derivará dos PCs e da Internet, oferecendo segurança, navegabilidade, correio eletrônico, conferência eletrônica, conexões para componentes de softwares de mercado e serviços de contabilidade, entre outros possíveis. Também salienta, o autor, aquilo que ele chama de “a revolução de conteúdo”, onde a visão atual daquilo que entendemos como “documento”, ou seja, um pedaço de papel com alguma coisa impressa, sofre uma transformação radical, passando para uma forma digital, incluindo imagens, áudio, instruções de programação para interatividade e animação e denominando-se, então, “documento eletrônico”. Poderemos ler nosso livro ou revista, por exemplo, em nossos aparelhos de hardware portáteis, em qualquer lugar em que estejamos e no horário que bem desejarmos. Gates aborda como a evolução da tecnologia documentacional afetará nossas esferas de atividade – trabalho, educação e lazer – oferecendo oportunidades de melhoria no gerenciamento das informações recebidas nas redes eletrônicas.
Outro ponto que Gates cerca é como o comportamento do mercado irá alterar-se quando o comércio começar a fluir através da “estrada”, com uma variedade ampla de produtos e serviços a escolher, com preços mais competitivos e com economia de tempo.
Aborda, também, a questão da colocação de toda essa nova tecnologia a serviço da educação, com benefícios inestimáveis para toda a sociedade, pois a “estrada” poderá reunir, entre tantas coisas, os melhores trabalhos de professores e autores para que os demais professores e estudantes possam explorá-los interativamente.
No capítulo Conectado em Casa, Gates explica como ele entende que o fato de estarmos mais tempo em casa, devido às muitas novas opções de lazer doméstico que a “estrada” nos proporcionará, influenciará nosso comportamento e propiciará com que desenvolvamos novas formas de entrar em contato e interagir com aqueles que gostamos, parentes e amigos, mesmo que geograficamente distantes. O autor apresenta-nos o projeto de sua nova casa e como ela absorve as características da “estrada da informação”, que ele entende como possível de disseminação por outros milhões de lares num futuro bem próximo.
Gates analisa, em outro ponto, como as empresas estão disputando, acirradamente, a corrida pela paternidade da “estrada da informação” ou, pelo menos, por uma fatia desse mercado que ainda carece de muito investimento e experimentação.
Por fim, trata aquilo que ele coloca como questões críticas. Salienta que, como acontece com toda mudança importante, os benefícios da sociedade da informação também vão ter o seu preço. Como exemplo, cita: a reciclagem de recursos humanos; as relações entre as nações e grupos sócio-econômicos que serão alteradas; a questão da privacidade individual; a confidencialidade comercial; a segurança nacional; o fato de que a sociedade da informação esteja a serviço de todos os cidadãos e não apenas dos favorecidos econômica e tecnicamente. Em suma, o progresso tecnológico vai forçar a sociedade a enfrentar novos e difíceis desafios.
A Estrada do Futuro expõe uma visão otimista de Bill Gates sobre a revolução tecnológica em que estamos inseridos e que está transformando nossa vida, do nosso trabalho ao nosso lar, tanto na forma com que nos relacionamos com o mundo e com as pessoas como na maneira pela qual guiaremos nosso comportamento em sociedade daqui para frente.
*GATES, B. A estrada do futuro. SP: Cia das Letras, 1995.
**William H. (Bill) Gates, III é chairman e conselheiro no desenvolvimento de projetos-chaves da Microsoft Corporation, a maior e mais importante fornecedora de software para microcomputadores do mundo. Com dezessete anos, enquanto estudante de Harvard, desenvolveu o programa BASIC (Beginer’s All Purpose Symbolic Instruction Code) para o MITS Altair, o primeiro microcomputador. Com dezoito anos, abandonou a universidade e fundou a Microsoft com Paul Allen. Gates tem, hoje, 53 anos.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
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