domingo, 29 de março de 2009

Poesia para alegrar o dia!

Domingo, a partir de agora, é dia de poesia! Para aliviar as tensões e começar bem a semana. Vez que outra, só para não chatear vocês, vai uma minha.

Balada do Amante Exilado (Luiz de Miranda, poeta gaúcho)

As horas pesam no coração que ama
mas está só na amplidão do tempo,
no varejo noturno dos meses,
no desequilíbrio azul dos minutos.
Tudo se perde como quando Deus nos
abandona.
O cristal do silêncio ilumina as palavras,
e em fatias nos dá a nau dos dias,
onde prosseguimos como um rio
que não corre para o mar,
e na superfície vai nossa alma,
desolada,
fantasma que sacode o pó dos caminhos
sobre nossos ossos.
As asperezas pesam
em nossas frágeis mãos,
que arquitetam,
inúteis,
a solidez do poema.
O rumor da solidão
se mistura ao vazio
de nossas roupas,
onde o amor esteve,
vestindo-as com o esplendor
do sangue e do desejo.
Exilado na cinza do cigarro,
na agonia
que varre os anos,
tudo é ontem.
Mas nos resta uma luz bravia,
que resplandece em pequenos luares,
e nos diz que há um novo amor
onde acaba o dia e nascem outros lugares.

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